sexta-feira, 15 de junho de 2007

PORTFÓLIO #1

por Cristianne Melo (Cris) e Rennan Ribeiro (Fifi)

Fome de quê?[1] – Por uma produção menos ordinária
Por João de Lima Neto – diretor de Arte e Mídia e professor de do curso de Arte e Mídia da UFCG nas áreas de Animação e Direção

Quando o pessoal do Zine “Interação Psicotrópica” me pediu um texto sobre qualquer projeto de aluno, realizado no curso, me vi diante de um dilema, guardadas as devidas proporções, do tipo “A escolha de Sofia” [2]. Não me entendam mal, mas para quem tem 8 anos de casa, tenho um leque de opções bem extenso, e vejo muita coisa que foi produzida aqui com um carinho fraterno. Já que aceitei o desafio, tenho que enfrentá-lo.
O projeto de que vou falar surgiu na disciplina de Direção I (2005.1). A maioria dos alunos era da 4ª turma. Já vínhamos trabalhando juntos desde Ferramentas [3] e, entre erros e acertos, passamos também pelo “Contos que a Noite Conta”, que infelizmente não aconteceu. A turma estava um pouco decepcionada, cansada pelos investimentos artísticos, intelectuais e financeiros feitos no “Contos”. Precisava fazer algo que fizesse valer a pena a experiência frustrada [4] do semestre anterior.
Lembro-me que estava em aula com a referida turma quando um dos coordenadores (não lembro qual) me chamou para falar pela 1ª vez da intenção do reitor de se investir na criação da TV UFCG. Na hora, contando a novidade aos alunos, decidimos fazer projetos de programas pilotos para a TV.
Os meses foram passando e, no ritmo de um semestre, a idéia do grupo composto por Franz Lima, Juliana Baracati, DJ Gnomo (vulgo Laércio Filho), Julie Manuelle, Guga S. Rocha e Helton Paulino foi tomando forma. Eles transformaram o projeto na realização do semestre - talvez para dar uma resposta aos nossos egos feridos pelo período anterior. Surgia então o “FOME DE QUÊ?”, um programa que talvez os mais antenados já tenham visto numa TV a cabo, mas que a massa Campinense e “Campino-grandense” não vê em suas Tv’s locais.
A idéia e o conceito:
“FOME DE QUÊ?” é um programa baseado no conceito de que é necessário mais do que alimento para o corpo para produzir o desenvolvimento de uma sociedade. É necessário atuar, descobrir, redescobrir e, antes de tudo, livrar-nos do estigma de uma região de famintos miseráveis. Sendo assim, nossa proposta é a de um programa capaz de focar a cultura, a arte, a política, costumes, o comportamento da nossa região valorizando a mais forte das culturas brasileiras e produzir o desertar para as potencialidades da cidade de Campina Grande(...) [5]
A grande sacada dos diretores, em geral, é como contar/mostrar uma história da forma que a maioria das pessoas não a veriam, e isso a equipe do projeto conseguiu. Com a idéia na mão eles foram descobrir o que o público alvo gostaria de ver, na TV ou na Web, sobre Campina Grande, a cultura e o comportamento locais. Com a pesquisa realizada puderam definir o perfil dos futuros espectadores e, a partir daí, desenvolver e aplicar o conceito.
Podemos perceber que entre o apresentador, os entrevistados e os “comentaristas” das seções, era quase impossível não haver uma identificação com o público. A equipe foi mesmo muito feliz na escolha do elenco do programa piloto.
Agora, para quem está de fora, pode parecer que isso é conversa de orientador orgulhoso. Mas tenho provas! Com o projeto da TV UFCG engatinhando, a equipe não quis perder tempo, resolveu apresentar a proposta à TV ITARARÉ (canal 14). O resultado, na época, foi melhor do que o esperado. Além de o projeto ter sido aprovado, o material dos meninos foi utilizado como referência para outros candidatos que quisessem apresentar um programa piloto àquela emissora.
O semestre então acabou, o programa piloto ficou arretado, a equipe fez o seu melhor com as condições que tinham. Eles acreditaram, apostaram e venderam a idéia para outros que abraçaram a causa. O resultado foi aprovado na disciplina. Porém, ainda não rolou na Itararé. O tempo passou, eles terminaram a graduação e seguiram seus rumos.
Contudo, o principal do papel de alunos eles cumpriram: a diferença. Não passaram pelo curso só para dar pinta de moderninhos, alternativos e descolados. Realizaram o que os bons veteranos realizam: em seu tempo, se tornaram referência. Agora esperamos pela sua época como diretores de Arte e Mídia.
Aos que fazem o “Interação Psicotrópica” boa sorte e sucesso. Aos que o lêem, que aproveitem as experiências e referências positivas. Juntem-se a essa galera ou a outras. O que importa, no fim, é fazer a diferença.

[1] http://www.youtube.com/watch?v=NJfpEudyOBM
[2] Sophie's Choice - baseado em livro de William Styron – roteiro e direção de Alan J. Pakula – Com Meryl Streep, Kevin Kline.1982
[3] ... de Desenho e Animação
[4] Muitas delas acontecem, dentro e fora da academia, o que devemos fazer é aproveitar o tempo dedicado a elas e transformá-lo em aprendizado para as próximas.
[5] Texto retirado da apresentação digital do projeto “Fome de quê?”

Um comentário:

Anônimo disse...

É bom poder dizer: eita tempo bom... experiência para várias vidas... :)